Este é o título do novo filme do cineasta iraniano Mohammad Rasoulof. Alguns dias após a conclusão das filmagens, o cineasta recebeu uma sentença da Corte Revolucionária do Irã, condenando-o a oito anos de prisão por ativismo e por desobediência em continuar filmando, mesmo após proibição do governo. Filmagens que foram marcadas por episódios de grande aventura, já que Rasoulouf, para deixar o Irã rumo à Alemanha, viajou a pé por vinte e oito dias. Seu filme narra a trajetória de uma família de quatro pessoas. O marido Imam, a esposa Najmeh e as duas filhas adolescentes Sana e Rezvan. Imam foi promovido a investigador da Corte Revolucionária, almejando galgar o posto de juiz. O que Imam não calculou foi o preço que teria que pagar, principalmente quanto ao seu objetivo de manter a sua família unida. O desaparecimento da sua arma coloca em cheque sua confiança na esposa e filhas, com desdobramentos imprevisíveis. Rassoulouf, em 2023, foi liberto da prisão onde cumpriu pena, já que estava proibido de continuar filmando. Foi à prisão que ouviu de um oficial do alto escalão, que também estava preso, a história que acabou o inspirando para fazer esse filme. Nesse período, eclodia o movimento Mulher, Vida, Liberdade, que surgiu depois da morte da jovem iraniana Mahsa Amini, que foi morta quando se encontrava sob custódia da polícia de segurança do Irã. O filme contempla fortes cenas que foram filmadas durante os protestos, que foram potencializadas pela força das redes sociais. A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO, o título do filme é metafórico, numa analogia com o regime iraniano, já que o cineasta lembra de uma figueira da sua infância, ela espalha suas sementes para as outras árvores, matando-as e servindo para que ela possa ressurgir. O filme tem duas horas e quarenta e sete minutos de tensão, mostrando que a indignação é a manifestação do sentimento daqueles que valorizam a liberdade!