Depois de assistir em 1986 MINHA ADORAVEL LAVANDERIA, passei a ter um especial interesse nas realizações cinematográficas do cineasta inglês Stephen Frears. Um cineasta que não se limita a fazer filmes para inglês ver, pois com OS IMORAIS em 1991 obteve sua primeira indicação para concorrer ao Oscar. O novo filme de Stephen Frears VICTORIA E ABDUL- O CONFIDENTE DA RAINHA é baseado numa história real que teve repercussão quando em 2010 foi descoberto o diário do indiano Abdul Karin que ganhou a admiração da Rainha Victoria e passou a ser uma figura de relevo em meio a monarquia inglesa, provocando ciúmes, traições e preconceitos, pois além de ser indiano, Karin era muçulmano.
A Rainha Victoria tinha como característica da sua excentricidade saber se afastar das pessoas convencionais, mas se interessando por uma figura nada convencional como Abdul Karin.
A relação dos fatos ocorridos no passado, sob certos aspectos guardam certa semelhança com a atualidade, principalmente em tempos de Brexit. Aliás, o fato de Frears ter feito Ligações Perigosas, A Rainha e agora Victoria e Abdul, isso não significa que tenha deixado de ser republicano optando pela monarquia. O filme tem vários vieses e que nos permitem extrair leituras interessantes sobre o monopólio do poder e o quanto que ele nos coloca em meio a ligações que são perigosas. Por outro lado, certas revelações curiosas e pitorescas no filme, quanto ao fato da Rainha Victoria conhecer o abacaxi, mas não saber da existência da manga.
Enfim, o filme vale sobretudo pelo desempenho soberbo de Judi Dench, que foi indicada ao Globo de Ouro, estando cotada para o Oscar, com certeza.
Outra novidade neste filme está na trilha sonora que foi confiada ao compositor americano Thomas Newman, que produziu um trabalho primoroso sem pompa e circunstância mergulhando no estilo Ravi Shankar.