ANIVERSÁRIO DE ENNIO MORRICONE

Enviado por admin em sab, 11/10/2018 - 09:26
Morricone chega aos 90 anos, dotado de uma energia que é renovada pelo eco dos aplausos de plateia de todo o mundo que aprenderam a admirar a sua produção musical.  Bravo Il Maestro! 

No programa A Música no Cinema nós vamos homenagear o compositor mais popular de todos os tempos da história do cinema. Aquele que conseguiu a maior legião de admiradores na aldeia global. Aquele que imprimiu uma escala industrial nos trabalhos produzidos para o cinema, sem que isso comprometesse a qualidade de tudo que tem feito. Estamos falando de Ennio Morricone, que nasceu no dia 10 de novembro de 1928 em Roma. O pai era músico, tocava trompete, se chamava Mário, sua mãe Libera, ele teve mais quatro irmãos, Adriana, Aldo, Maria e Franca. Em 1938 ele se matriculou no Conservatório de Música de Santa Cecília e foi estudar trompa com o conceituado Umberto Semproni, não por acaso, em suas composições, vez por outra ele encontra um motivo musical capaz de prestigiar o primeiro instrumento que estudou com muito afinco. 

Três anos depois de ingressar no Conservatório de Santa Cecília, em 1941, Morricone foi convidado para participar da orquestra da instituição, que regularmente se apresentava em excursões em várias partes do país. Em 1943 Morricone foi estudar harmonia com Roberto Caggiano, que reconheceu seus dotes e o estimulou a estudar composição.

Em 1944 seguindo o conselho do seu professor de harmonia, Morricone passa a estudar composição com dois grandes expoentes, os professores Carlo Garofano e Antonio Ferdinandi.

Em 1946 ele é diplomado como trompista, obtendo a nota máxima. Em 1946 sua primeira composição intitulada IMITAÇÃO, para piano e voz. Aliás, Morricone foi o primeiro compositor do cinema a aliar de forma mágica a voz a própria orquestra. Foram inúmeros trabalhos ao longo de sua carreira, merecendo até mesmo por parte dos japoneses, o lançamento de um CD intitulado MORRICONE VOZ E ORQUESTRA. 

No dia 06 de julho de 1954 Ennio Morricone completa seus estudos de composição, tendo como mestre o conceituado Goffredo Petrassi, que exerceu forte influência no próprio estilo de composição de Morricone. A entrada de Morricone no cinema aconteceu a partir do ano de 1955, mas seus trabalhos consistiam na maioria em arranjos musicais. No ano seguinte, 1956 ele se casa com Maria Travia, sendo que um ano depois nascia o seu primeiro filho Marco. 

Depois de ter exercitado a sua condição de concertistas em algumas apresentações, em 1961, ano em que nascia sua filha Alessandra, ele entra definitivamente para o cinema,compondo a trilha sonora do filme O FEDERAL, de Luciano Salce. 

Em 1964, nasce o terceiro filho e aquele que seguiria as passadas do pai, como compositor de trilhas, Andréa, ao mesmo tempo em que nasce também a parceria muito bem sucedida de Morricone com o cineasta Sergio Leone. Em 1965 o primeiro premio em reconhecimento ao seu talento de compositor que foi o Nastro D’Argento, pela trilha sonora de UM PUNHADO DE DOLARES. 

Em 1966 ao mesmo tempo em que nasce o quarto filho, Giovanni, Morricone inicia uma parceria com o cineasta Píer Paolo Pasolini e Gilo Pontecorvo, ambas coroadas do mais absoluto êxito em detrimento da composição de trilhas rigorosamente preciosas e dignas do estilo de um grande compositor. Para a trilha sonora de TEOREMA, filme de Pasolini, estrelado por Terence Stamp e Laura Betti, que acabou ganhando o prêmio Volpi do Festival de Veneza. 

A partir de 1968, Ennio Morricone que era o arranjador musical oficial da gravadora RCA, decide reduzir sua carga de trabalho, para que ele pudesse se dedicar mais ao cinema, que começava a entusiasma-lo. Mais que isso, seu trabalho começava a ser reconhecido alem fronteiras, convites de todos os lados começavam a surgir para Morricone, dono de um estilo jamais visto em matéria de música no cinema, notadamente após o sucesso dentro do gênero spaghetti-western. Mas sua versatilidade transcendia qualquer gênero cinematográfico. 

No ano de 1970, ele decide lecionar música no conservatório de Frosinoni, onde estudaram alguns compositores que se tornaram famosos, como Luigi Di Stefano, Antonio Poce, Silvano Aurelli e muitos outros. Ainda neste ano, Morricone recebe o seu segundo Nastro D’Argento pelo trabalho para a trilha sonora de METTI UNA SERA A CENA”, filme estrelado pela brasileira Florinda Bolkan. 

Ennio Morriocone entra na década de setenta imprimindo uma autêntica escala industrial de produção de trilhas. Ele conta com a colaboração de Bruno Nicolai a quem Morricone acaba repassando várias trilhas para serem orquestradas, arranjadas e regidas. Somente no ano de 1969, foram compostas 25 trilhas entre cinema e televisão. Já em 1970, Morricone compõe nada mais nada menos do que 16 trilhas.  Em 1971 ela supera sua própria marca ao compor 26 trilhas, inclusive ganhando mais um Nastro D’Argento, desta feita pela trilha de Sacco e Vanzetti. 

No ano de 1972, foi aquele em que Morricone mais trabalhou para o cinema, foram 34 trilhas, uma marca que jamais será atingida por qualquer outro compositor. 

A produção musical de Morricone caiu para 12 trilhas ao ano em 1974, em decorrência do falecimento do seu pai Mario. No ano seguinte Morricone continua produzindo para o cinema, mas não com a mesma intensidade anterior, sua média de produção de trilhas ao ano fica por volta de 15. Mas o importante não é a quantidade, mas sim a qualidade daquilo que ele produzia. Foram trabalhos notáveis que contribuíam para reforçar o seu conceito de uma grande expressão da música no cinema. Em 1979 ele recebe sua primeira indicação ao Oscar, pelo trabalho para o filme CINZAS DO PARAÍSO. 

Começa a década de oitenta e mais uma vez Morricone resolve repensar o ritmo de trabalho para o cinema e reduz ainda mais sua produção de trilhas. Ele se torna mais seletivo, principalmente pelo fato de que nessa época começavam a surgir inúmeros convites por parte dos americanos. Mas era com os filmes produzidos para a casa, ou seja, os italianos, que Morricone continuava fazendo grande sucesso. Trabalhando para os irmãos Taviani ele produziu um belo trabalho para o filme O PRATO, que lhe valeu um premio especial da Crítica Discográfica. 

Em 1984 Ennio Morricone teve a honra de proferir um discurso no conservatório de Zagarollo em comemoração aos 80 anos do seu ex-professor Goffredo Petrassi. Estiveram presentes a cerimônia outras grandes expressões da música no cinema da Itália como Eigsto Macchi,Paola Bernardi e Carlo Marinelli.

 No ano de 1985, Morricone recebe dois prêmios importantes que foram o terceiro Nastro D’Argento da Itália e o Bafta, o Oscar da Inglaterra pelo trabalho para o filme ERA UMA VEZ NA AMERICA, o último filme do amigo Sergio Leone. 

Em 1989 Morricone foi homenageado pela Universidade de Sapienza, uma conceituada instituição universitária de Roma, celebre pelos concertos que promove através de uma aula magna que foi dedicada a Ennio Morricone e transmitida ao vivo pela RAI. Neste mesmo ano, Ennio Morricone receb eu outra homenagem, desta vez do Conservatório de Liege, na França dedica ao maestro um concerto que é regido por ele, num evento memorável. Também o conservatório de Frosinone, através do Grupo Musicale Novecento, dedica a Morricone, uma apresentação especial de um concerto de musica de câmera. Durante o Festival de Cinema de Locarno, ele recebeu um prêmio especial pela sua carreira, enquanto que na cidade natal do seu avô, ARpino, ele recebeu o título de cidadão honorário. A sua trilha sonora para o filme IL GIRNO PRIMA, é premiada pelo Circulo dos Críticos de Cinema de Londres. Ainda neste ano ele recebe mais uma indicação ao Osca e mais um David Donatello pela trilha sonora do filme de Giuseppe Tornatore, CINEMA PARADISO.

Em 1992 Ennio Morricone recebe novas e justas homenagens, desta feita por parte da Academia de Música da Basiléia, na Suíça, onde é homenageado com um concerto de música de câmera. Também é escolhido como membro oficial da Instituição Universitária de Concertos  de Roma. Recebe uma honraria importante do miistro da cultura da França, sendo conferido o título de Oficial da Ordem das Artes e das Letras. No ano de 83 ele recebe um novo prêmio David Donatello, desta feita pelo seu trabalho para o filme JONAS, O MENINO QUE VIU A BALEIA, não exibido no Brasil.

No ano de 1994 ele perde sua mãe, aos 88 anos, ano em que o filho Andréa conclui seus estudos de música. Também é agraciado com o Golden Soundtrack por parte da Sociedade Americana dos Compositores e Autores de Música para Cinema.

No ano de 1995 ele recebe o Leão de Ouro do Festival de Veneza pela sua carreira, também é conferido o premio Nino Rota, pela CAM, /Creazione Artistiche Musicale de Roma.Também recebe do presidente da República da Itália, Luigi Scalfaro o título de Comendador da Ordem e do Mérito da Republica Italiana. Em 96 é indicado membro honorário da conceituada Academia de Música de Santa Cecília. Também recebe o prêmio Flaiano por dois trabalhos daquele ano as trilhas de BULWORTH, filme de Warren Beaty e LOLITA de Adrian Lyne. 

Em 1998 recebe o prêmio Colombo pela trilha sonora de A LENDA DO PIANISTA DO MAR, enquanto que no ano seguinte é ovacionado no Festival de Berlin, recebendo um prêmio especial.

Na sua galeria de prêmios ele tem 2 Oscars, respectivamente em 2007 pelo conjunto da carreira, sendo que em 2016 pela trilha sonora do filme de Quentin Tarantino, OS OITO ODIADOS.

Mas desde a década de quarenta, Morricone também tem se dedicado à sua carreira de compositor de música clássica “musica aplicata”, como tivemos a oportunidade de destacar na matéria relativa ao lado erudito de Morricone.

 No ano de 2001, pela primeira vez ele se apresenta em Londres em dois concertos no Barbican Centre, se apresentando com um repertório das mais antológicas trilhas produzidas para o cinema. A partir desse ano de 2001 Ennio Morricone passa então a se dedicar a sua carreira concertista, quando praticamente viajou para todos os continentes do mundo, onde sempre era recebido por plateias distintas, que em comum tinham a grande admiração pelas suas obras.

Neste ano de 2018, quando completa 90 anos, ele continua se dedicando aos concertos com apresentações confirmadas para a capital francesa, Paris no próximo dia 23, no dia seguinte ele estará na Bélgica e ainda no dia 26 ele marca seu retorno a Londres para duas apresentações, regendo a Orquestra Sinfônica Nacional da República Checa.

Morricone chega aos 90 anos, dotado de uma energia que é renovada pelo eco dos aplausos de plateia de todo o mundo que aprenderam a admirar a sua produção musical.

Bravo Il Maestro!